O episódio 11 da 5ª temporada de The 100, denominado The Dark Year , foi um dos episódios mais horripilantes, intrigantes e emocionante que eu já vi.

Este episódio faz você pensar, te deixa com um pouco de ânsia de vômito e faz seu coração em um minuto disparar e no outro o rasga em pedaços.

A série tenta sempre empurrar seus personagens para os limites de sua humanidade, The Dark Year nos

mostra exatamente o que acontece quando você é empurrado para a borda de um abismo.

“you eat or you die”

Nestes flashbacks, tanto Abby quanto Octavia estão isoladas do resto do grupo. Eles são forçados a fazer essa escolha que os manterá vivos, mas rompem o próprio tecido de sua humanidade de maneiras potencialmente irreparáveis.

Octavia ainda é jovem, está há apenas dois anos dentro do bunker, e apesar de seus poços de combate já estarem no lugar, ela ainda tenta governar com o coração. Ela tenta, a todo momento durante The Dark Year fazer com que seu povo coma utilizando discursos nobres e sua honestidade, porém não é o suficiente.

Abby é desapegada e pragmática, já quebrada pelas coisas que eles tiveram que fazer para sobreviver na arca. Ela tem a perícia médica e o conhecimento da história da Arca para saber que esta é literalmente sua única opção. Eles se tornam canibais ou todos morrem de fome.

Nenhuma dessas mulheres quer fazer isso, mas elas precisam.

–Octavia: O que mais devemos fazer? Kane, nos dê outra solução.

–Abby: Não há outra solução.

A única outra opção é morrer de fome, mas essa escolha que Kane faz o coloca de lado oposto ao de Abby .

 

A escolha de Kane de morrer de fome ao invés de tornar-se um canibal é parecida com a escolha de Abby de morrer em um episódio da 4ª temporada. Ele não a deixaria se matar na Praimfaya, e ela não o deixaria se matar morrendo de fome.

É feio e é brutal de assistir, mas no final do dia, se Abby e Octavia não tivessem tomado essa decisão, todos os membros de Wonkru estariam mortos. Bellamy e Clarke teriam aberto um bunker vazio e seriam tudo o que resta da raça humana.

–Abby: Não há escolha, se você não comer você morrer de fome.

–Kane: Há sempre uma escolha Abby, você sabe disso.

Dói ver Kane e Abby se enfrentando assim novamente. Mas assim como eu não posso culpar Kane por salvar Abby no final da 4  temporada, eu não posso culpá-la pelo que fez para salvá-lo. O fato de que o relacionamento deles sobreviveu dentro do bunker só me dá mais esperança de que eles saim desta guerra direto para os braços um do outro.

Todos os nossos heróis fizeram coisas horríveis para sobreviver e, embora essa ainda seja a escolha mais sombria, ainda é a que os mantém vivos.

Mas Octavia se transforma sob o peso de suas próprias decisões de liderança. Ela comete um massacre para forçar o cumprimento imediato e funciona, mas acaba se transformando no processo.

–Clarke: Ela assassinou seu próprio povo para que eles sigam a sua vontade .

Abby e Octavia compartilham esse fardo e a culpa que vem junto com ele. Abby deixa sua culpa consumi-la, isso a leva mais longe em seu vício e força-a a se odiar pelas coisas que ela fez.

Octavia transforma sua culpa no fogo que a alimenta, ela diz a si mesma que, se puder levar seu povo para o vale, todo o sangue em suas mãos valerá a pena.

Perto do final do episódio Madi faz um excelente ponto e mesmo levando em consideração sua adoração de herói  pela Octavia, ela não está errada.

–Madi: Ela suportou para que eles não precisassem.

Se Clarke estivesse dentro do bunker, provavelmente teria feito a mesma escolha que Abby e Octavia. Ela compreende melhor do que ninguém o fardo da liderança e o custo de fazer escolhas impossíveis.

Homens como Kane e Bellamy tentam lutar por um mundo melhor,  mas sem Clarke e Abby tomando essas decisões e carregando o peso dessas responsabilidades, nenhum dos nossos personagens favoritos estaria vivo.

Octavia: Eles são meu povo.

Abby: Eu sei disso, eles são meu povo também.